Agente etiológico
Leishmania braziliensis é o principal protozoário causador da Leishmaniose Tegumentar Americana no Brasil. Seu ciclo biológico é realizado em dois hospedeiros, um vertebrado e um invertebrado (heteroxeno), tratando-se de uma doença de caráter zoonótico que acomete o homem e diversas espécies de animais silvestres e domésticos.
Denominação Popular
A Leishmaniose tegumentar americana já foi descrita com diferentes denominações de acordo com a região em que ocorria. No Brasil, é comum o nome “Úlcera de Baurú”, pois em 1908, durante a construção da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil aconteceram muitos casos, principalmente na cidade de Baurú – SP, originando o nome popular. Também é conhecida em alguns lugares como “ferida brava”.
Epidemiologia
Trata-se de uma doença antiga que apresentou, nas últimas duas décadas, ampliação da área geográfica de ocorrência e da incidência de novos casos, sendo encontrada em todos os estados do país, no qual são encontrados 90% dos casos do continente americano. A região norte e nordeste do Brasil apresentam a maior incidência de novos casos, a qual se relaciona ao tropicalismo local, que apresenta clima e habitat propício à reprodução do mosquito vetor .
Formas de contaminação
A doença é transmitida por Flebotomíneos, insetos conhecido popularmente como “mosquito palha”, “birigui” ou “tatuquira”, dos quais mais de 200 espécies já foram relatadas como transmissoras da doença. As principais espécies envolvidas no país pertencem ao gênero Lutzomyae e suas fêmeas, de hábitos vespertinos e crepusculares, ao realizarem hematofagismo, cortam com suas mandíbulas o tecido subcutâneo logo abaixo da epiderme, onde inoculam as formas promastígotas infectantes. Estes mosquitos são próprios da região florestal e não conseguem voar mais de 100 - 150 metros. Com isso a doença torna-se principalmente rural.
Habitat do protozoário
No homem, assim como em outros vertebrados (canídeos, primatas, roedores, tatus, tamanduás), é encontrado no interior de células fagocitárias, especialmente da pele e mucosas. No hospedeiro invertebrado, reside no aparelho digestivo de aproximadas 30 espécies de mosquitos flebotomídeos.
Posição Sistemática
Reino: Protozoa
Filo: Sarcomastigophora
Classe: Zoomastigophorea
Ordem: Kinetoplastidadida
Família: Trypanosomatidae
Gênero: Leishmania
Morfologia
O protozoário é encontrado em diferentes formas conforme seu hospedeiro. Sua reprodução ocorre por divisão binária.
Em Vertebrados, é encontrado na forma amastigota, de morfologia redonda ou ovalada medindo até 3 a 6,5 mm conforme a espécie. Parasitam o interior das células do sistema mononuclear do hospedeiro (macrófagos)..
Em Invertebrados, os protozoários apresentam-se na forma promastígota, alongada e com um flagelo livre emergindo da região anterior. São parasitárias do intestino médio do mosquito vetor, sendo observadas, também, em meios de cultura.
Leishmania sp
(Promastígotas)
Leishmania sp (Amastígotas)
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Manifestações Clínicas
A LTA é considerada uma enfermidade polimórfica e espectral da pele e das mucosas. As principais manifestações observadas nos pacientes podem ser classificadas de acordo com seus aspectos clínicos, patológicos e imunológicos. A forma cutânea localizada é caracterizada por lesões ulcerosas, indolores, únicas ou múltiplas; a forma cutaneomucosa é caracterizada por lesões mucosas agressivas que afetam as regiões nasofaríngeas; a forma disseminada apresenta múltiplas úlceras cutâneas por disseminação hematogênica ou linfática e, finalmente, a forma difusa apresenta-se com lesões nodulares não-ulceradas.
Período de Incubação: entre 2 semanas a três meses.
Evolução clínica: a partir de uma mácula, no local de inoculação da picada (normalmente partes descobertas do corpo), a lesão se desenvolve em etapas evolutivas, de acordo com o período de incubação em cada hospedeiro.
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Forma-se uma lesão inicial com a evolução de pápula eritematosa que se desenvolve em uma lesão papulocrostosa, papulovesiculosa ou papulopustulosa.
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Após alguns dias a semanas, a lesão papular torna-se ulcerativa, com uma lesão de bordos elevados e bem definidos, conhecida como “úlcera em moldura de quadro”. Seu centro é granuloso, de coloração vermelho-vivo e com secreção de líquido seroso.
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Tais lesões podem evoluir para uma cicatrização espontânea ou para a formação de placas vegetantes e verrucosas que cronificam e passam a crescer lentamente.
Lesões em Mucosas: em geral, costumam ocorrer até 2 anos após o surgimento da pápula de inoculação por disseminação hematogênica. Acometem as mucosas naso-oro- faringeanas, principalmente o nariz, iniciando com eritema, edema e infiltração no septo nasal, evoluindo para lesão ulcero vegetante. As lesões são passíveis de extensão para lábios, gengiva, palato, faringe e laringe.
Diagnóstico Clínico
Como em qualquer outra doença semelhante, uma boa coleta de dados e exame físico são essenciais à suspeita clínica, que será comprovada por diagnóstico laboratorial.
Diagnóstico laboratorial
É feito através do exame direto, do exame histopatológico, de cultura e sorologias. Em lesões fechadas, obtém-se material através de punção com agulha grossa. Nas abertas, no entanto, o material é deve ser colhido preferencialmente na periferia das lesões.
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Contato
Tratamento
Preconiza-se o uso de Antimoniato de meglumina (Glucantime). Outras drogas, utilizadas como segunda escolha são a Anfotericina B e a Pentamidina. Todas estas drogas têm toxicidade considerável.
Profilaxia
Infelizmente ainda não há vacinas e quimioprofilaxias
disponíveis, e a prevenção é feita mediante ações como:
Tratamento dos doentes;
Corte da cadeia biológica com morte dos Flebotomíneos
(Lutzomya longipalpis);
Cuidar com derrubada de matas (dispersão dos mosquitos);
Cuidados com o cão que, por ser hospedeiro da Leishmania, pode contaminar o mosquito e este o homem.