Quadro clínico: sintomas, patogenia e imunidade
As alterações iniciais ocorrem pela fixação da larva no tecido, sendo divididas em:
-Ação mecânica: devido ao deslocamento ou compressão dos tecidos pelo crescimento da larva (cresce até 0,6 a 1,3 cm).
-Ação inflamatória: causada por células sanguíneas que envolvem a larva.
As principais localizações das larvas são o sistema nervoso central (tropismo de 79% a 96%) e os olhos (chega através de vasos da coroide e instala-se na retina).
Neurocisticercose
Os sintomas começam logo após a fixação da larva, causados pela reação inflamatória no tecido nervoso. Essa reação piora muito com a morte do cisticerco, geralmente 6 meses após a instalação. Nesse momento, o cisticerco pode ser completamente reabsorvido pelo tecido, restando apenas um nódulo cicatricial, ou ser calcificado, causando distúrbios circulatórios. Os principais sintomas incluem:
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Cefaleia intensa causada pela hipertensão intracraniana;
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Crises convulsivas, presentes em cerca de metade dos casos;
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Perturbações mentais – cisticercose é frequente em hospitais psiquiátricos;
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Paralisia, déficit motor.
Cisticercose ocular
Geralmente o cisticerco invade a retina, que é responsável por captar os estímulos luminosos. O quadro é causado pelo processo inflamatório desencadeado pela larva e se agrava com o tempo. Os sintomas incluem perda parcial ou total de visão e catarata.
Tira-dúvidas
Diagnóstico Clínico
Deve-se associar os hábitos alimentares e sanitários do paciente com o surgimento súbito de sintomas neurológicos. Em pacientes com teníase – causada pela Taenia solium – deve-se sempre considerar a possibilidade de desenvolvimento de cisticercose. É necessário atentar a pacientes com sintomas neurológicos que moram em zonas endêmicas.
Diagnóstico Laboratorial
É feito com a pesquisa de anticorpos específicos (IgA, IgG, IgM, IgE) no sangue, no líquido cefalorraquidiano e no humor aquoso. A ressonância magnética e a tomografia computadorizada (TC) são métodos sensíveis que fornecem informações quanto à localização, ao número, à fase de desenvolvimento e à involução dos cisticercos. A ressonância, entretanto, não identifica as microcalcificações típicas da fase crônica, e por isso a TC é o método de escolha para estudo de pacientes com suspeita de neurocisticercose.
Tratamento
Para a maioria dos pacientes é aconselhado o uso de anti-helmínticos específicos – sendo o albendazol mais vantajoso – e drogas para controle dos sintomas, como anticonvulsivantes e corticosteroides. O paciente deve estar internado durante o tratamento.
Os procedimentos cirúrgicos que algumas vezes são indicados em pacientes com neurocisticercose incluem ressecção de grandes cisticercos e controle da hidrocefalia, quando esta está presente. Para a cisticercose ocular é necessário realizar procedimento cirúrgico.
Posição Sistemática
Reino: Animalia
Filo: Plathyelminthes
Classe: Cestoda
Ordem: Cyclophyllidea
Familia: Taeniidae
Morfologia:
O cisticerco cresce até 12 mm e apesar de normalmente se manter viável por até 6 meses, pode também permanecer viável por vários anos. Durante esse tempo, apresenta os seguintes estágios:
Estágio vesicular, com membrana vesicular delgada e transparente, líquido incolor e escólex normal. Pode permanecer ativo por anos ou iniciar degeneração por resposta imunológica;
Estágio coloidal, no qual o líquido está turvo e o escólex em degeneração;
Estágio granular: com
membrana espessa, gel vesicular com deposição de cálcio e escólex com aspecto granular;
Estágio granular calcificado:
no qual o cisticerco está calcificado e bem menor.
Imagens de Neurocisticercose
(clique nelas para acessar as fontes originais)
Agente Etiológico
A larva de Taenia solium é a causadora da cisticercose no homem.
Epidemiologia
Os suínos, os humanos, os cães e os macacos têm sido descritos como portadores de cisticercos por T. solium. No Brasil, o agente tem larga distribuição devido às precárias condições de higiene e saneamento básico de grande parte da população, aos métodos de criação extensiva de suínos e ao hábito de ingerir carne mal cozida (teníase e após cisticercose).
Habitat
O cisticerco habita usualmente o sistema nervoso central, os olhos e a pele do hospedeiro humano.
Contaminação
A contaminação na cisticercose ocorre de três maneiras:
- Heteroinfecção (ingestão de água ou alimentos contaminados por ovos de Taenia solium);
- Auto infecção externa (má higiene pós defecação em portador de teníase);
- Auto infecção interna (através de movimentos antiperistálticos ou vômitos em portador de teníase).
Profilaxia e Controle
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Construção de fossas e redes de esgoto eficientes;
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Tratamento da teníase;
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Cuidados na criação de suínos;
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Evitar consumo de carne suína malpassada ou crua;
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Educação sanitária.