Contato
Quadro clínico
I) Dermatite Cercariana, também chamada "dermatite do nadador", é resultante da penetração das cercarias na pele que acarreta sintomas se sinais carecterísticos.
- sensação de comichão
- erupção cutânea tipo urticária
- em 24 horas: edema, eritema, pequenas pápulas e dor.
Esquistossomose Aguda
Fase Pré-Postural: em geral, trata-se de uma fase com sintomatologia variada, que ocorre cerca de 10-35 dias após a infecção. Pacientes podem se apresentar assintomáticos, ou com sintomas gerais como mal-estar, febre, sinais pulmonares (tosse), dores musculares, desconforto abdominal e um quadro de hepatite aguda, resultante da destruição dos esquistossômulos.
Fase Aguda Toxêmica: a sintomatologia da fase aguda se intensifica próximo ao 50º dia e pode permanecer por até 4 meses após a infecção. Ocorre disseminação dos ovos depositados, principalmente nas paredes do intestino, com áreas de necrose (causando uma enterocolite aguda), no fígado, pulmões (simulando tuberculose) ou outros órgãos, o que provoca formação de granulomas que resultam em manifestações como febre com calafrios e sudorese, emagrecimento, diarreia, náuseas, mialgias e artralgias, fenômenos alérgicos, disenteria, tenesmo, cólicas, hepatoesplenomegalia discreta, linfadenia, leucocitose com eosinofilia, aumento das globulinas e alterações discretas na função hepática. Cabe ressaltar que fase toxêmica, em alguns casos, pode ser fatal, todavia, na maioria dos casos, a fase aguda apresenta manifestações clínicas de baixa intensidade e evolui, entre 4 a 6 meses, para a fase crônica da doença.
Esquistossomose Crônica
A fase crônica da doença apresenta grandes variações clínicas que podem ser predominantemente intestinais, hepatointestinais ou hepatoesplênicas.
No período de manifestações intestinais: paciente se queixa de fases com diarreia muco sanguinolenta, dor abdominal e tenesmo (resultando do trânsito de ovos no intestino) e momentos de constipação intestinal (formação de fibrose tecidual e granulomas que diminui o peristaltismo) , intercaladas com longos períodos normais.
Na fase de manifestações hepato-intestinais, continuam as queixas intestinais; os ovos prendem-se aos espaços-porta, ocorrendo formação de inúmeros granulomas, o que acarreta inicialmente hepatomegalia e fígado doloroso à palpação. Os numerosos granulomas causam danos lesivos às veias que resultam em endoflebite aguda e fibrose porto-hepática. Como consequência, há obstrução nos ramos intra-hepáticos da veia porta que desencadeiam uma manifestação típica e grave: a hipertensão portal. Com o desenvolvimento da doença e o agravo da hipertensão portal, surgem os sintomas da fase hepato-esplênica, como esplenomegalia, varizes (resultado da formação colateral anormal intra-hepática e de anastomoses do plexo hemorroidário, umbigo, região inguinal e esôfago (varizes esofagianas: risco de hemorragia fatal), na tentativa de compensar a circulação portal obstruída) e ascite (decorrente das alterações hemodinâmicas oriundas da hipertensão; dela provém a origem para o nome popular da doença "barriga d'água") . Cabe destacar: a maioria dos pacientes não chega a fase grave de manifestações hepato-esplênica.
Diagnóstico Clínico
Conhecer as fases da doença é imprescindível para o coreto diagnóstico, assim como uma correta anamnese no paciente (origem, hábitos, profissão, contato com água?). Em casos avançados, pode se suspeitar de esquistossomose quando há hepatoesplenomegalia, seguida de outros sintomas associados anteriormente citados.
Diagnóstico Laboratorial
Métodos parasitológicos ou diretos: objetivam o encontro de ovos nas fezes ou nos tecidos do paciente.
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Exame parasitológico de fezes;
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Biópsia ou raspagem de mucosa retal
Métodos imunológicos ou indiretos: medem a resposta do organismo hospedeiro frente a antígenos do parasito. Podem ser realizados:
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Reação Intradérmica
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Reação de Fixação do Complemento
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Reação de Hemaglutinação Indireta
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Radioimunoensaio
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Reação de imunofluorescência Indireta
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Método Imunoenzimático ou ELISA
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Reação em Cadeia de Polimerase - PCR
Tratamento
Em casos mais graves, onde há alterações decorrentes de problemas hepatoesplênicos, como as varizes esofágicas (decorrentes de hipertensão portal), pode haver necessidade de tratamento cirúrgico.
Na fase toxêmica faz-se o controle dos sintomas com o uso de analgésicos e antitérmicos, correção do estado nutricional do paciente e repouso no leito.
Como tratamento Medicamentoso, preconiza-se o uso de drogas modernas como Oxamniquina e Praziquantel.
Profilaxia e Controle
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Evitar banhos em locais desconhecidos, especialmente em águas lênticas e com proliferação de caramujos;
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Tratamento dos doentes;
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Controle dos moluscos;
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Infraestrutura e educação sanitária.
Vacina
De forma inédita no país, em 2016, a vacina para esquistossomose foi a primeira vacina brasileira a chegar em estudos clínicos de fase II. A etapa é realizada em parceria com a empresa Orygen Biotecnologia S.A. A vacina é um dos projetos de pesquisa e desenvolvimento em saúde priorizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), visando garantir o acesso da população dos países pobres a ferramentas de medicina coletiva com tecnologia de última geração.
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Epidemiologia
A esquistossomose não é doença recente: pesquisas encontraram antígenos do parasito em múmias egípcias datadas com mais de 3 mil anos. O Brasil representa um dos maiores focos de esquistossomose do mundo, e estima-se que a chegada do parasito ao país foi decorrente do tráfico de escravos africanos, com foco inicial na região canavieira e posterior expansão pelo território conforme os movimentos migratórios socioeconômicos. Sua vida média é de 5 anos, mas estudos mencionam casos de sobrevida do parasito no homem por até 30 anos.
A área de endemicidade do parasito está diretamente relacionada com a presença da espécie de molusco Biomphalaria glabrata (mais sucetível e mais infectante). Assim, onde há presença dessa espécie, há transmissão de esquistossomose mansoni. A área contínua de transmissão entre Minas Gerais e Rio Grande do Norte é de responsabilidade da Biomphalaria glabrata. Já a espécie Biomphalaria straminea é a única a transmitir a doença no Ceará, zonas do agreste nordestino e focos isolados no Pará e Goiá, todavia, e possui a maior distribuição geográfica. A biomphalaria tenagophila transmite a doença em regiões do sul e sudeste do país, com extensas áreas em São Paulo e Santa Catarina, estendendo-se do RJ ao RS. Para maios informações acerca dos caramujos, hospedeiros intermediários, consulte a sessão Gênero Biomphalaria.
Dois fatores principais são relacionados com a alta incidência no país: o primeiro, ambiental, relacionado a variedade e à extensão de habitats aquáticos, às altas temperaturas e luminosidade que estimulam a proliferação de microalgas (alimento dos moluscos) . O segundo fator é, todavia, de responsabilidade inerente à situação social, econômica e cultural do país. Isto é, os criadouros do molusco precisam ser contaminados com fezes infectantes contento ovos viáveis de S. mansoni. Desse modo, falta de saneamento básico e má educação sanitária são fatores agravantes para manutenção da endemia da doença. Outro fator importante a destacar são as novas migrações de hospedeiros , geralmente populações menos favorecidas, que migram à procura de melhores condições de vida e acabam acarretando novos focos de transmissão.
As faixas etárias jovens são apresentam maior prevalência da doença. Considerando a tropicalidade do país e sua diversidade de ambientes aquáticos, é dever do profissional investigar hábitos de lazer e de labor passíveis de colaborar com a transmissão e infecção por S. mansoni.
Posição Sistemática
Reino: Animalia
Filo: Platyhelminthes
Classe:Trematoda
Ordem: Schistosomatida
Família: Schistosomatidae
Gênero Schistosoma
Morfologia
O E. mansoni apresenta diferentes morfologias de acordo com seus estágios no ciclo evolutivo.
Macho: é achatado dorsoventralmente, mede 1 cm de comprimento, tem cor esbranquiçada e seu tegumento é recoberto por tubérculos (minúsculas projeções). É dividido em duas porções, uma anterior, a qual possui duas ventosas, a ventosa oral e a ventral (ou acetábulo), e a porção posterior, na qual encontramos o canal ginecóforo (dobras laterais do corpo em sentido longitudinal para abrigar a fêmea e fecundá-la.
Fêmea: é maior, mede 1,5 cm e apresenta coloração mais escura (ceco com sangue semi-digerido) e tegumento liso. Sua metade anterior apresenta a ventosa oral e o acetábulo, seguidos pela vulva, útero e ovário; na metade posterior encontramos as glândulas vitelinas e o ceco.
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Agente etiológico
O Schistosoma mansoni é o agente causador da esquistossomose mansoni intestinal, ocorrendo na Àfrica, Antilhas e América do Sul. É a única espécie encontrada no Brasil, sendo por conseguinte, o agente de nosso interesse sobre o qual irá discorrer esta página. Existem outras espécies causadores de esquistossomose no mundo, citadas a seguir, a título de curiosidade: Schistosoma japonicum (causador da esquistossome japônica ou moléstia de Katayma. Distrubuído na Chinam Japão, Ilhas Filipinas e dideste asiático), Schistosoma mekongi (semelhante à espécie anterior, encontrado no vale do rio Mekong, no Camboja), Schistosoma intercalatum (causador de esquistossome intestinal encontrada no interior da África Central).
Nome Popular
A Esquistossomose é popularmente conhecida como “barriga d´água”, “doença do caramujo”, “xistose” ou ainda “bilharziose”.
Formas de contaminação
A transmissão ocorre devido ao banho em coleção hídrica contaminada por pelo menos 15 minutos (tempo de penetração das cercárias). As cercárias penetram frequentemente pés e pernas e estão mais presentes
na água no período de maior incidência de luz solar e calor ambiente, isto é, entre 10 a 16 horas. As principais áreas contaminadas encontram-se no peridomicílio (açudes, riachos, valas de irrigação agrícola, etc).
Habitat dos vermes adultos
Os vermes adultos parasitam o sistema porta-hepático humano. Recebem um ganho de massa exponencial quando chegam no fígado, E migram, após maturação sexual (25º dia) para ramos terminais da veia mesentérica inferior (mais na altura do plexo hemorroidário), onde se acasalam (35º dia).
Ovos
Os ovos de E. mansoni medem 150 µm de comprimento por 60 µm de largura. Têm formato oval e na parte mais larga apresenta um espiculo voltado para trás. No ovo maduro (eliminado pelas fezes) é possível observar o miracídio já formado.
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Miracídio
Apresenta um formato cilíndrico, é coberto por cílios que permitem o movimento no meio aquático, e seu tamanho é semelhante ao do ovo. Apresenta em sua extremidade anterior uma papila apical, chamada de terebratorium, responsável pelos mecanismos adesivos e penetrantes da larva.
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Cercárias
Medem aproximadamente 500 µm, apresentam um corpo e uma cauda bifurcada. Possuem duas ventosas: uma oral, que abriga as glândulas de penetração, e outra ventral (acetábulo), maior e com musculatura desenvolvida. As ventosas correspondem às estruturas de fixação da cercaria e permitem a penetração ativa através da pele do hospedeiro.
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