Agente Etiológico
Echinococcus granulosus é o menor cestoda parasita do homem e causador da hidatidose no homem (parasitismo pela larva) e da equinococose no cão (parasitismo pelo verme adulto).
Nome popular
Conhecida desde a antiguidade como “bolsas de água”.
Epidemiologia
Zoonose amplamente distribuída. Sua alta prevalência se dá por: hábitos e atitudes que facilitam a infecção de animais e homem como: dar vísceras cruas infectadas a cães, proximidade com cães – afagos (sem higiene após), grande quantidade de cães não controlados, abate clandestino de animais para consumo. Predomina em países com rebanhos diversos, principalmente de ovinos. No Brasil encontra-se mais no Rio Grande do Sul.
Formas de Contaminação
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Ovelhas, cabras, porcos, cavalos = ingestão de ovos
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Cães = ingestão de larvas
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Homem = ingestão de ovos
Localizações do cisto hidático
Fígado (60%), Pulmão (20%), cérebro, coração e outros órgãos.
Profilaxia
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Melhoria das condições de criação animal;
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Impedir que cães se alimentem de vísceras cruas;
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Controle e vigilância de abatedouros;
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Tratamento dos cães com anti-helmínticos;
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Educação sanitária, com ênfase em higiene das mãos antes de ingestão de alimento e após contato com cães.
O cisto hidático (larva) tem forma arredondada e possui uma única cavidade. Cresce em torno de 16 mm/ano por ano por até 30 anos e é envolvido, de exterior para interior, por três camadas:
-membrana adventícia, formada por fibroso fruto da reação do hospedeiro à presença da larva;
-membrana anista, camada hialina e acelular, composta por mucopolissacarídeos e proteínas as quais constituem uma barreira protetora ao cisto;
-membrana prolígera ou germinativa, com função
proliferativa. Da membrana prolígera, surgem por brotamentos centenas de vesículas as quais desenvolverão em seu interior protoescólices.
O cisto apresenta uma areia hidática composta por fragmentos de membrana, vesículas prolígeras e protoescólices e um líquido hidático, composto por colesterol, polissacarídeos, aminoácidos e lecitinas - apresenta relevante capacidade antigênica, a qual poderá ocasionar graves complicações por choque anafilático em meio ao rompimento do cisto e extravasamento de seu conteúdo.
Posição Sistemática
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Reino: Animalia
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Filo: Platyhelminthes
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Classe: Cestoda
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Ordem: Cyclophyllida
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Familia: Teniidae
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Gênero: Echinococcus
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Espécie: E. granulosus
Morfologia
Trata-se de um cestoide muito pequeno, com 3 a 6 mm de comprimento. O verme adulto possui um órgão de fixação, chamado escólex (com ventosas musculares e um rostro armado com acúleos dispostos em duas fileiras), uma curta região de crescimento, conhecida como colo, seguindo-se pelo estróbilo, constituído de 3 a 4 proglotes, estando a última delas gravídica contendo entre 500 e 800 ovos.
Os ovos são semelhantes aos ovos da Taenia sp. com membrana externa espessa, denominada embrióforo, contendo em seu interior a oncosfera (embrião hexacanto) com seis acúleos (ou ganchos). São eliminados nas fezes de cães e canídeos silvestres.
IMAGEM DE OVO A SER FOTOGRAFADA NO LABORATÓRIO
Diagnóstico
Quadro Clínico inespecífico, podendo ser assintomático. É necessário, portanto, a união de informações clínicas, laboratoriais e epidemiológicas.
Exames de imagem: Rx, TC, cintilografia, ressonância magnética.
Provas sorológicas: Imunofluorescência indireta(IFI), elisa, hemaglutinação indireta - hai.
Tratamento
No homem: é usualmente cirúrgico, sendo necessária a dessensibilização prévia do paciente para evitar processos alérgicos ou anafiláticos. Recomenda-se uso de albendazol em terapia pré-cirúrgica por 7 a 15 dias antes e até 2 meses após para evitar-se hidatidose secundária. Uma técnica alternativa de tratamento, a PAIR = puncionar, aspirar, injetar substância protoescolicida e reaspirar é recomendada em caso de cistos simples e múltiplos com tamanho entre 5 a 15 cm de diâmetro (contraindicada em cistos pulmonares e cerebrais).
No cão: Praziquantel (age só no verme adulto). Importante: incinerar fezes do cão durante tratamento.
Tira-dúvidas e Contato
Sintomas e Patogenia
Ação mecânica: compressão pelo aumento do cisto no órgão parasitado com diminuição da função deste órgão
Reação alérgica: saída de antígenos do cisto com formação de altos níveis de IgE.
A doença pode ser silenciosa por anos, devido ao crescimento lento do cisto, e após pode s apresentar com os seguintes sintomas:
-Fígado: dor abdominal, massa hepática palpável
-Pulmões: dor torácica, dispneia, tosse seca ou produtiva, pneumonia secundária
-Sistema nervoso cefaleia, vômitos, convulsões e perda dos sentidos
Complicações
Complicações por rompimento do cisto: choque anafilático por liberação de antígenos, formação de novos cistos, embolia por liberação de fragmentos das vesículas.