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Quadro Clínico e Patogenia

    O quadro clínico pode variar desde  a ausência de sinais  e sintomas até situações de gravidade extrema. Fatores como a espécie do  agente  etiológico, a carga parasitária, idade  e estado nutricional do hospedeiro relacionam-se diretamente com as manifestações clínicas, especialmente com a  anemia.

 

         Fase aguda

   Alterações cutâneas: pode haver presença de lesões traumáticas no local de penetração das larvas, com fenômenos vasculares associados à sensação de picada, com hiperemia, edema e prurido. A lesão pode desaparecer ou desenvolver pústulas principalmente devido ao ato de coçar. A gravidade e a quantidade das lesões dependem do número de larvas invasoras. As lesões se apresentam maiores em reinfecção ou por reação de hipersensibilidade.

      Alterações pulmonares: são pouco usuais, embora o indivíduo possa apresentar  tosse  seca de curta ou longa duração, febre baixa, rouquidão e dispneia. 

       Alterações gastrointestinais:  podem ser percebidas após a chegada do parasita ao intestino delgado. A fixação do verme à mucosa intestinal pode determinar lesões inflamatórias que se manifestam por dor epigástrica, diminuição do apetite, indigestão, cólica, indisposição, náuseas, vômitos, flatulências, podendo ocorrer diarreia sanguinolenta ou não. Outro sintoma comumente relatado é o apetite deflagrado principalmente por geofagia, provavelmente explicado por anemia e desnutrição.

Fase crônica

  Mais importantes são as alterações de caráter crônico,  decorrentes da perda contínua de sangue para o parasita em sua fixação espoliadora. Estima-se que o N. Americanus  retire até 0,04 mL de sangue por dia e  A. duodenale  até 0,3 mL de sangue/dia. Sem dúvidas, a gênese da anemia também é intensificada em dietas pobres em ferro, sendo que a manifestação de anemia em ancilostomíase é produto da equação: reservas de ferro insuficientes  + elevada carga parasitária = anemia.              Também dependendo da carga parasitária, podem ocorrer quadros de hipoproteinemia com hipoalbuminemia em razão das perdas fecais  de proteína, agravadas em dietas inadequadas. Estima-se que  50 vermes sejam suficientes para iniciar quadros de anemia leve; 200 a 500 vermes causem anemia moderada e parasitoses com mais de 500 vermes resultem em  anemia severa.  Em cargas elevadas de ancilostomídeos, nas quais há eliminação de mais de 10.000 ovos por grama nas fezes do hospedeiro, desenvolve-se a anemia hipocrômica e microcítica, que costuma se manifestar em lassidão, dispneia, taquicardia, cefaleia e até sopros cardíacos e edema dos membros inferiores. 

        

Complicações:

   Em casos fatais por Ancylotoma duodenale, os exames post mortem revelaram jejunite e jejuno-ileíte, com ulcerações, severas hemorragias, supuração, necrose, gangrena e raramente peritonite fibrinopurulenta.

 

 

Diagnóstico Clínico:

     O diagnóstico clínico  da fase aguda se faz por meio da associação, quando possível, das alterações cutâneas, pulmonares e abdominais descritas no quadro clínico acima. Na fase crônica, a anemia pode ser acentuada originando cansaço e desânimo, palidez cutânea e mucosa e baixa resistência a outras infecções.

 

Diagnóstico Laboratorial:

  O Exame Parasitológico de Fezes para busca de ovos de ancilostomídeos é fundamental para a comprovação a suspeita clínica.  Como os ovos de Ancylostoma duodenale e Necator americanus são idênticos, apenas com esse exame não é possível diferenciá-los. Assim,  a identificação do gênero poderá ser realizada com o achado de vermes adultos.

   O  Hemograma identificará eosinofilia acentuada na fase aguda, e anemia na fase crônica.

Tratamento:

    Os fármacos de  primeira escolha são  Mebendazol ou Albendazol (a partir dos 2 anos de idade).  Conforme  a padronização recomendada pela Federação Latino-americana de Parasitologistas, a avaliação de cura para ancilostomíase  deve ser realizada mediante exame de três amostras de fezes aos  15 ou 20  dias após o tratamento.  Se necessário, a   reposição  de ferro e suplementação proteica e vitamínica  devem fazer parte da estratégia terapêutica. 

Profilaxia

> Tratamento dos doentes;

> Andar sempre calçado e não sentar direto na areia a fim de evitar a penetração das larvas;

> Usar luvas ao manipular objetos possivelmente contaminados, ou mesmo solo contaminado;

>  Instalação de esgotos e educação sanitária;

> Lavar as mãos antes de tocar os alimentos e cortar unhas;

> Lavar os alimentos antes do consumo;

> Beber somente água filtrada ou fervida;

Agentes etiológicos

  Ancylostoma duodenale e Necator americanus são os principais ancilostomídeos que infectam o tubo digestivo humano.

Nome Popular

   "Amarelão" ou "doença do Jeca-Tatu".

Epidemiologia

   A ancilostomíase atinge estimados  576 milhões de pessoas em todo o mundo e incide principalmente sobre as populações mais pobres e desfavorecidas. O Ancylostoma duodenale predomina em regiões de clima temperado enquanto o Necator americanus predomina em regiões de clima tropicial. Suas larvas desenvolvem-se bem em solos arenoargilosos, permeáveis, ricos em matéria orgânica e com alta umidade. Sem essas condições, os ovos não sobrevivem no meio externo. No Brasil, cerca de 70% dos casos de ancilostomose são causados por Necator americanus, os quais predominam em áreas rurais, desprovidas de saneamento ambiental e cuja população têm  o hábito de andar descalça. 

      Posição sistemática

Reino -  Animalia

Filo -  Nematoda

Classe - Secermentea

Ordem - Strongylida

Família - Ancylostomatidae

           Morfologia

 Os vermes adultos são cilíndricos, de coloração rósea (quando frescos) ou esbranquiçada (pelo uso de fixador). 

 

Ancylostoma duodenale:

apresenta cápsula bucal grande e profunda, com dois pares de dentes. O dimorfismo sexual é evidente, pois as  fêmeas são maiores e possuem extremidade posterior afilada.  Vivem até 2 anos.

Machos: têm 8 a 11 mm por 400 µm de largura, e sua extremidade posterior apresenta uma bolsa copuladora.

Fêmeas: medem 10 a 18 mm por 600 µm de largura, com postura de até  20 mil ovos/dia.

 Necator americanus:

possuem duas lâminas cortantes em forma de meia lua dispostas ao redor da cápsula bucal; vivem até  5 anos.

Machos: 5 a 9 mm por 300 µm de largura.

Fêmeas: 9 a 11 mm por 350 µm de largura, com postura de até 10 mil ovos/dia.

Ovos:

Medem 60 µm por 40 µm, formato oval com presença de células embrionárias (4 blastômeros quando recém-eliminados). Possuem dupla membrana e são idênticos em ambas as espécies.

 

 

 

         Ref: laboratório de parasitologia - UFCSPA

       Ref: laboratório de parasitologia - UFCSPA

 

 

 

 

 

 

 

 

Imagem disponível aqui.

Larvas Rabditóides: medem 250 a 400 µm; seu esôfago é do tipo rabditóide (com constrição); possui vestíbulo bucal longo (a larva de ancilostomídeos apresenta vestíbulo bucal curto). Alimentam-se  de algumas bactérias e microorganismos presentes no solo.

 

Larvas Filarióides: medem 700 µm; são características pela presença de uma bainha externa protetora e cauda pontiaguda. O esôfago é reto e ocupa aproximadamente 1/3 do comprimento total da larva. Não se alimentam e necessitam encontrar um hospedeiro em  2 semanas, aproximadamente.

  Fotos dos vermes adultos

 Clique na foto para ver a imagem original  e sua origem

 

 

 

 

 

 

 

Formas de contaminação

​     O homem adquire infecção  através de penetração ativa das larvas filarióides L3 (infectantes) na pele ou de sua ingestão (contaminação via oral, principalmente por Ancylostoma duodenale). Essas larvas produzem enzimas que facilitam sua penetração na pele/mucosas.  A penetração na pele  ocorre principalmente na região dos tornozelos e pés.  

Habitat dos vermes adultos

   Seu habitat  é o  intestino delgado, principalmente duodeno, todavia, em casos de  infecções maciças, vermes podem ser encontrados  no jejuno e íleo.

Tira-dúvidas 

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